Idiotices

Aquilo que penso e não tenho coragem de dizer em voz alta...

domingo, janeiro 21, 2007

# 187

Levanta-te! Estou farta de ti cá em casa. Já é tarde e continuas aí, com os estores corridos, o quarto ainda às escuras e com aquele cheiro adocicado que se ganha depois de uma noite de sono. Poderia já ter a cama feita, o quarto arejado. Detesto sentir-me tolhida dos meus hábitos. Tal como detesto que te levantes tarde porque estiveste até às tantas a ver televisão. Ou como detesto as migalhas que deixas na cama por ires a comer bolachas quando te deitas e às escura. Pergunto-me sempre porque lavarás então os dentes antes disso.
Se estivesse sozinha já teria tudo aspirado e já teria passado a esfregona na casa toda. Teria posto a música alta e andaria quem sabe a cantar uma qualquer música que me agradasse. Já teria tomado um banho de imersão, feito uma torrada e posto uma máquina de roupa a lavar. Já teria descido para um café ou estaria sentada em frente ao pc a ler qualquer coisa, a mandar uma mensagem, à procura de uma outra para mim. Estou farta de ti cá em casa. Ou então aprendi a ficar sozinha... e gosto... fazer o que quero, circular por toda a casa sem medo de te acordar, sem medo que me critiques ou que descubras que não gostas das mesmas coisas que eu. Por isso levanta-te, já devias ter percebido que não gosto de te ter muito tempo seguido por aqui. Invades o meu espaço e achas que gosto. Queres fazer as coisas à tua maneira e acabas por me contrariar a mim. Já me habituei a estar sozinha, preciso de do meu tempo, preciso do meu silêncio. Não quero entrar no quarto e sentir o teu cheiro, não quero ter de apanhar do chão as meias que deixas por ali espalhadas, ou dobrar as calças que estão quase a cair da cadeira. Levanta-te! Já devias ter percebido que gosto de dormir sozinha, que detesto quando passas os braços por cima do meu corpo e com isso me sinto acorrentada, presa nos meus movimentos.
Levanta-te e vai embora, já devias saber que apenas te gosto de ter aqui enquanto o desejo não está satisfeito. Desejo desejar-te e acordar o teu desejo, desejo que me desejes e que me tomes ou então que me deixes tomar-te a ti. E só nesse momento em que fundimos os corpos consigo esquecer como não gosto nada de te ter por aqui...

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